6 de dez. de 2009

wallace e leo





Hoje, no Rio, conheci aqueles caras do manhunt que moram na Gloria, o bairro do Rio de Janeiro onde ficam a maioria de meus amigos. Desci de Santa Teresa, onde estou ficando, e subi à casa deles a fumar um beque, e claro, a fazer um trio.
O moreno, Leo, estava me esperando as 0:30 e a gente fumou um. E claro, a gente se enrolou e acabamos fazendo sexo oral na sala antes de que chegasse o branquinho, Wallace. Pela resposta dele ao saber que a gente tinha começado sem ele – só por estar vendo a ereção de Leo embaixo da calça curta, e eu vi que a situação tinha muitas chances de não dar certo. O Wallace já sentou a meu lado botando a mão na minha perna, mas eu percebi rigidez nesse gesto. Daí passou a me dizer: você gosta de fumar um, né? Numa atitude de malandro fingido. Em uns 20 minutos que intentamos eu e seu namorado fazer algo digno daquele encontro, não conseguimos que ele ficase, desculpem as palavras, de pau duro. E o cara ainda pediu pro outro uma câmera pra tirar fotos do encontro. Eu, claro, me neguei. Aí a coisa se esfriou porque o Wallace não se envolveu mais e até ficou com cara de aflito. Eu resolvi tomar banho tranquilamente e sair dali. Então escutei o cara falando que me achava chato. O Leo, quando sai do banheiro, me disse: “ele não se encontra bem”. “Eu sei”, respondi. E sem dizer mais sai desse lugar, alegre por não estar envolvido em nenhum relacionamento desse tipo. Acho que é um karma que eu já queimei.

15 de jan. de 2008

a vida II

Estou lendo estes dias uma coleção otima que Marcelo tem de poemas de Rumi no seu banheiro. Sim, pode haver espiritualidade na nossa vida até quando fazemos cocó...

Encontro pessoas às vezes que temem à morte. Pessoas às que amo, e às que é muito dificil ajudar a superar esse medo. Adico este video a elas. Vivam sem temor. A vida começa então.

14 de jan. de 2008

x-factor


Continuo com a minha observação e estudo do comportamento humano. O Rio é um lugar ótimo pra isto. Ipanema, com seu espírito exibicionista, atrai á “beautiful people” local e uma mesma quantidade de turistas que vão à praia ou passeiam pela orla num estado de atenção e de necessidade de atenção constantes. Existe uma espécie de tensão no ar. Não é a tranqüilidade que se poderia esperar de um lugar de praia qualquer. Isto, surpreendentemente, atrai muitos famosos brasileiros, pelo que me têm contado, e um monte de gays que se posicionam diante do gueto, prolongando este desde a cidade até o mar. Como em qualquer gueto gay, é difícil encontrar qualquer coisa interessante nesse lugar. Muito canino retorcido, mão gosto e esteroides demais. Perto do posto 9, no Coqueirão, encontra-se supostamente a gente mais bela da praia de Ipanema. E há dias em que é certo: você acorda de uma cochilada e ao seu redor só há beldades tanto femininas quanto masculinas. Mas isso só ocorre às vezes. Elas parecem se agregar por algum fenômeno natural que as convoca intermitentemente.

Um dia indo á praia por Ipanema com minha amiga Paula, encontrei ao Manuelvi, meu ex-amante galego-madrilenho. Manuel ia vestido pela rua só de sunga, acho que nem levava chinelos, num estado de ansiedade e nervosismo do que vai procurar alguma coisa realmente excitante. Manuel ficava na casa de Javier, meu ex, uma espécie de aparta-hotel na Rua Barão de Triunfo.

Acho que não falei ainda de meu ex aqui. Também não falei do processo pelo que chegou a ser meu ex há pouco tempo, depois da minha chegada ao Brasil. Vou ter que resumir, porque acho a historia um pouco chata: Javier chegou comigo a Salvador em Setembro e ficou um tempo, até Novembro. Então a relação terminou. Até há pouco eu não sabia explicar como me desapaixonei...

A coisa é que aquele dia fui passear na praia depois de deixar minhas coisas com a Paula e seus amigos. A beira do mar estava cheia de caras jogando futebol, frescobol etc., e enchendo meu saco a cada passo. Acho que era sábado e a praia estava lotada, mas lembro que, contudo, não me senti abafado. Esta praia tem algo que faz ela sempre ficar bela, com o morro dos dois irmãos de um lado e as ilhas desertas diante, na Baia de Guanabara, criando um cenário selvagem mesmo diante da cidade. É essa sensação de amplitude a que a faz tão agradável. Ia pensando nisso quando quase bati com o Javier. Ele estava saindo da água, com sua sunga na moda, tão bonito como sempre, ou tal vez mais bonito que nunca. Passeamos e falamos durante quase meia hora, num tom muito nice até que a gente chegou diante da sua barraca; - no posto 9, claro -. Ai começou a brigar. Quando estava a dizer que eu preciso me aclarar (?), e percebi que ia jogar coisas na minha cara, decidi parar ai a conversa e abandonar o lugar.

A gente não se viu mais desde aquilo (antes do Reveillon) até a semana passada. Coincidimos vários dias, e no ultimo (ontem) a conversa voltou nesse senso. No final acho que é uma forma de me culpar de ter abandonado ele.

O sábado à noite a gente foi no cinema pra ver Atonement, o filme baseado no romance de Ian Mc Ewan. A gente tem uma relação especial com esse romance. Quando Javier e mais eu morávamos em Santiago de Compostela, os dois limos Atonement. Pouco depois, Emma, uma amiga de Javier, veio pra Santiago e ficou com nos na casa. A gente viu que Mc Ewan ia recever um premio no Casino de Santiago, e fomos lá. A Emma entrevistou ele - trabalha pra Reuters - depois de uma entrega de premio literário bastante absurda, com uma menina prodígio de Ourense tocando o piano e umas mulheres da alta sociedade de Santiago sentadas tomando café e fofocando.

O filme, de Joe Wright, é correto na direção, - ás vezes brilhante, lembrando os filmes ingleses de meados do século XX - , e tem um maravilhoso trabalho de roteiro atrás dele, conseguindo levar o essencial de um grande romance á tela. Keira Knightley saíndo de uma fonte molhada e com seu vestido transparentando o corpo é dessas imagens fílmicas que ficam gravadas a fogo.

Mas indo ao tema em questão, o filme me fez lembrar o inicio da nossa relação. A importância da honestidade – tanto da minha quanto da dele -. Os dias em Santiago nos que eu tentava confiar nessa pessoa; amava apaixonadamente, até o ponto de ficar velando seu sono nas minhas noites de insonia.

Agora que o penso, é engraçado que seu último romance - o rapaz é escritor, sim - tenha tanto a ver com isso: observar aos outros enquanto eles dormem. Igual do que as mães com seus filhos pensam:
- Nossa, seria tão fácil se eles sempre ficaram assim, igual do que anjinhos, quietos, sem falar, sem dar problemas.

Mas as crianças trazem problemas, e só uma mãe ou um pai têm o que é preciso pra agüentar aquilo. Pra ter paciência, perdoar e educar, só em troca de ver elas dormir aprazivelmente cada noite, apoiados no vão da porta. Houve muitos problemas na nossa relação. E eu tive muita paciência. Mas, após sair do cinema aquele sábado à noite, me di conta do que tivera acontecido. O meu desapaixonamento foi parte de uma morte, foi natural. A morte de uma relação que já tinha sido ferida grave havia tempo. Assim falei pra ele. Assim me despedi definitivamente.

10 de jan. de 2008

Ainda fazendo um pouco de turismo - turismo inteligente, espero - e participando de um novo projeto de desenvolvimento sustentável que estão começando a construir meus amigos cariocas. Estou profundamente emocionado porque encontrei a gente e o lugar que procurava: vinha ao Brasil pensando na posibilidade de fazer permacultura e autosustentabilidade nas cidades, e aqui as pessoas que conhecí estavão pensando nisso mesmo. A Bahia e o Rio são os lugares mais interessantes do Brasil neste momento, com muito potencial no eido de dar a volta á omelete do desenvolvimento, e transforma-lo en décroissance. Ontem tivemos uma reunião: minha amiga Angeluz, da OPA de Salvador, a vice-presidenta do Instituto Walden, o grupo de cariocas do que falei e eu, para sentar as bases do projeto Jaia: um centro social que conjuga agricultura organica, reciclagem, arte e ação social.

Estes dias estão na minha cabeça duas musicas:

Onde o Rio é mais Baiano. Caetano Veloso

Blessed to be a Witness. Ben Harper

6 de jan. de 2008

ivan


Ontem fiquei sozinho porque Marcelo foi visitar uma comunidade com a que trabalha, perto da cidade. Depois de uma tarde de samba na rua, na que Ana Paula e mais eu fizemos o tour de todas as escolas de Samba de Santa Teresa, dançando como doidos baixo a chuva – algo que eu acho impensável na Bahia - ate que peguei um ônibus e fui na casa a relaxar e ler um pouco.

Na noite de Reis tinha impressão de que, por como me portei este ano naum ian deixar nada. E tinha vontade de ir procurar meu Melchor. As duas resolvi ir sozinho no The Week, a boite gay mais famosa do Rio. Ainda não fora, e achei que era uma parte importante da minha experiência turística conhece-la.

Cheguei na disco, e pronto conheci uns madrilenhos simpáticos. Um deles me chamou em espanhol, pra paquerar e decidi ficar um bocado com uma galera bonita e que resultava familiar. Pero já tinha a vista posta num negão muito lindo que vira ao entrar. A gente se encontrou mais tarde. Seu nome é Ivan, um gaúcho que mora em Paris há uns anos. Dançamos aquela musica eletrônica que as vezes permite algum goçe, mas em geral é agressiva demais. A coisa é que já há um tempo que consego curtir esses lugares sem tomar balas (êxtase). Dois caras se acercaram a nos, um deles grande, musculado e tatuado, e com um chapéu bastante ridículo, parecia ser uma figura popular no lugar e ia com o seu namorado, um pouco mais pequeno, á sombra dele. Vinham procurando com quem fazer uma suruba. Ignorei bastante ao cara enquanto dançava, mas ele continuava tentando pegar-nos. Ocorre que essa galera de queixada apertada e pra mim o menos atraente que há. O cara percebeu, e foi embora zangado, enquanto seu namorado massageava suas costas num gesto como de treinador de pugilismo. Realmente bizarro. Mas todo nessas noites é bizarro.

Na verdade a gente tinha vontade de um trio, e quase o fazemos, mas naum deu, porque decidimos sair cedo. E mais tarde me dei conta de que foi muito melhor assim. Trouxe ele pra a casa, porque nos convidaram seus amigos franceses á sua, e a pinta não era muito boa (um dealer francês com o que parecia ser seu assistente, um chinês pequeno que falava num idioma incompreensível, e que oferecia pra a gente toda classe de drogas).

A transa fica na lista das minhas 10 melhores. É interessante que o sexo possa ser tão bom com uma pessoa com a que apenas troquei umas frases. Mas foi. Com todo tipo de posturas e contorsões, e dois orgasmos pela minha parte. Por causa das balas ele ficou de pau duro varias horas, e entre uma e outra transa me ofereceu casar com ele... Estou pensando a resposta.

reveillon no arpoador


Cheguei ha duas semanas no Rio, de ferias, e acho que vou ficar um tempo nesta cidade, que supera todo o que tinha ouvido dela.

O Reveillon no Rio foi inesquecível. Non podia ser noutra forma, na cidade com o melhor fim de ano do mundo. O jantar foi na casa da mãe da Ana Paula, uma dessas fag-hags da vida que é um gay em corpo de mulher. Ela é também uma das pessoas mais simpáticas que conheço. Amiga de Marcelo, meu melhor amigo carioca. Depois de a gente ver as evoluções pirotécnicas que duraram mais de uma hora em todo o céu da cidade, saímos pra o Arpoador, no extremo de Ipanema, a área mais chique da praia. Ficamos lá toda a noite porque a festa e som erao tão bons que a gente non tinha vontade de sair. Agustín, meu amigo cordobés-baiano da UFBA, que agora reside em Sampa, chegara de manha pra se unir á festa. Fizemos nossas oferendas a Jemanjá e tomamos banho toda a noite. Houve algumas paqueras, mas a onda era tão forte e tão legal que pouco mais fizemos do que dançar. Uma imagem que fica na memória é a Ana Paula saindo da água com seu vestido amarelo a cada momento, tão sexy que dava vontade de come-la no meio da praia. E o forró que bailamos ao nascer do sol. Acho que fui o primeiro em ver o sol nascer, atrás de uma combi no paseio marítimo, e falei pra Marcelo: não se bate palma quando nasce o sol, ou?

Os dois começamos a aplaudir e toda a praia nos seguiu. Saímos dali pra tomar café da manhã. Eu queria chocolate com churros, e pegamos um táxi com um taxista que nos levou numa viajem a outra dimensão. Só lembro ter dançado com ele no assento do co-piloto enquanto ele dirigia a velocidade supersônica. Dizia non ter dormido em vários dias, - o gato, que me falava espanhol ás vezes - e que dirigia daquela maneira pra ficar acordado. O anjo-motorista deixou-nos perto da casa e tomamos café na padaria 24h. da Gloria.

No dia seguinte acordamos a tempo de ir ao Simplesmente, o samba de Santa Teresa, que fica aqui do lado, no meu bairro favorito do Rio.

17 de dez. de 2007

anjos do picadeiro

Sexta feira fui na OPA visitar a minha amiga Angeluz. Me ensinou o horto biológico que cuidam, que é uma ladeira fronte á baia, onde plantam hortalizas e regam com a agua do esgoto, que flitram cun sistema de cinza. Angeluz é carioca, e xa marcamos pra nos ver no Rio este Natal (eu vou pra lá o dia 23).

Mais tarde coincidimos no OVERDOZE, um festival de circo e palhaços, do lado da minha casa, no Vila Velha, que me deixou alucinado. Montaram varias lonas, cenários no exterior e bares. Nunca gostei muito do circo, mais o brasileiro é outra coisa. Vinhera pessoal de todo o mundo. Até Leo Bassi, - que na programacion se facia chamar espanhol - e que esa noite só mostrou seu documentario sobre o que lhe fizeram os da Falange. Fui falar com ele - era o unico espanhol por alí - porque fiquei impresionado com as imagens dos fachas em Madri, e as ameazas de morte que sofreu. Xa vira ao Leo vestido de harlequim entre todos os trapecistas, palhasos e zancudos indo para o Pelourinho, fazendo o show por toda a cidade.

Varios dos espetáculos daquela noite me lembrarom o circo de meiados de século. O dos ciganos, a lírica, a magia. Sobre todo a Carroça de Mamulengos, uma familia do Ceará que viaja por todo o Brasil, estilo cigano. A menina mais pequena se veste de boneca xigante, têm um dragão com forma de saramaganta que bota fogo, e uma moza de uma beleza e voz angelicais, que canta cun violão.

Fiquei com meu amigo Marvin e uns quantos danzarinos que conhecimos esa noite. Os shows acontecian à mesma hora ás vezes, e era dificil escolher. Depóis de 12 horas, ás 5 da manhã, xa amanhecendo, varias componentes dos distintos circos fazian pan com banana e passas pra todo o mundo. O melhor do festival foi o clima de respeito aos valores e sensibilizacion. Falouse de autogestion, sustentabilidade, e de axudar atraves do humor. De que o mundo pode-se curar com axuda do humor.